Diarreia Branca em Bezerros: Causas Principais e Medidas de Prevenção na Criação Bovina
A diarreia branca em bezerros surge logo após o nascimento e mata rápido se não for controlada. Esse problema, comum em rebanhos leiteiros e de corte, afeta os primeiros dias de vida e drena o caixa do produtor com perdas de animais e custos extras em veterinário. Na rotina da fazenda, você perde tempo limpando currais e isolando lotes, o que atrasa o manejo geral e reduz a produtividade do rebanho. Sem ação imediata, uma infecção pode se espalhar e comprometer até 20% dos nascimentos anuais, segundo dados da EMBRAPA.
O impacto vai além da mortalidade: bezerros que sobrevivem enfraquecem e crescem devagar, demandando mais ração e suplementos para chegar ao peso de venda. Isso corta o lucro por cabeça em dezenas de reais, especialmente em sistemas intensivos onde cada animal conta. Produtores que ignoram os sinais iniciais acabam com rebanhos desbalanceados, forçando vendas precipitadas ou abate de fêmeas jovens que poderiam repor o plantel.
Prevenir exige foco em higiene e nutrição básica, sem depender de remédios caros o tempo todo. Entender as causas ajuda a ajustar o manejo diário, evitando surtos que param a operação da fazenda por semanas.
Aspectos Básicos da Diarreia Branca em Bezerros
A diarreia branca recebe esse nome pela cor leitosa das fezes, causada por desidratação e perda de proteínas no intestino. Ela ataca bezerros de até 30 dias, mas o pico ocorre nos primeiros sete dias de vida. Agentes como bactérias e vírus entram em ação quando o sistema imune do animal ainda é fraco, o que acontece se o colostro não for consumido logo após o parto.
No campo, produtores veem os bezerros ficarem letárgicos, com barriga afundada e fezes pastosas que sujam o ambiente. Isso cria um ciclo vicioso: o curral úmido favorece mais patógenos, aumentando o risco para os próximos nascimentos. De acordo com a FAO, condições de estresse como superlotação pioram a disseminação em rebanhos tropicais.
Gerenciar isso começa com observar o parto: bezerros que não mamam colostro nas primeiras horas têm defesa baixa contra infecções intestinais. Estudos da USP-ESALQ mostram que o colostro fornece anticorpos que reduzem a incidência dessa diarreia em criações bem manejadas.

Fatores Causais e Seus Efeitos na Criação
Bezerreos com diarreia branca perdem fluidos rápido, o que leva à desidratação e falha nos órgãos. A explicação técnica envolve toxinas bacterianas que danificam as vilosidades intestinais, impedindo a absorção de nutrientes. De acordo com a EMBRAPA, a Escherichia coli é o agente mais comum em regiões quentes como o Brasil, onde o calor acelera a multiplicação de bactérias no ambiente.
No desenvolvimento do problema, o vírus do rotavírus ataca células intestinais e causa inflamação, reduzindo a digestão de leite. Isso resulta em bezerros que não ganham peso e demandam intervenções caras, como fluidoterapia intravenosa. Exemplos de campo mostram que em fazendas com cochos sujos, a taxa de infecção sobe, forçando produtores a descartar leite contaminado e perder renda diária.
Efeitos se estendem ao rebanho todo: mães estressadas produzem menos leite, e o manejo de isolamento consome mão de obra. Segundo estudo da UFRRJ, vacinas maternas transferem imunidade via colostro, mas só funcionam se aplicadas no tempo certo, antes do parto. Ignorar isso leva a perdas que cortam o lucro da safra em criações de média escala.
O manejo do solo e da cama do curral é crucial, pois umidade alta mantém patógenos vivos. Produtores que usam palha seca como cama veem menos casos, pois o material absorve umidade e reduz contato com fezes infectadas. A FAO destaca que em sistemas extensivos, pastagens limpas diminuem a carga parasitária, ajudando na prevenção geral.
Criptosporídios, protozoários resistentes a desinfetantes comuns, complicam o quadro em bezerros com diarreia persistente. Eles sobrevivem em currais mal limpos e reinfectam lotes novos. De acordo com a EMBRAPA, rotacionar pastagens e limpar diariamente corta a disseminação, melhorando a taxa de sobrevivência em até o nível esperado para rebanhos saudáveis.
Exemplos reais de campo ilustram o ponto: em uma propriedade no interior de São Paulo, um produtor atrasou a limpeza de um pavilhão de maternidade e perdeu 15% dos bezerros em uma semana. Ajustes simples, como adicionar probióticos na ração inicial, restauraram o equilíbrio intestinal e estabilizaram o rebanho.

Por Que a Higiene no Parto Reduz Riscos de Diarreia em Bezerros
A higiene no parto parece óbvia, mas muitos produtores subestimam seu custo-benefício real. Limpar o útero da vaca após o nascimento e secar o bezerro evita que bactérias da vagina contaminem o trato digestivo. No entanto, em fazendas grandes, isso exige mais gente, elevando o custo por animal em poucos reais, mas salvando dezenas. De acordo com pesquisa da USP-ESALQ, práticas de assepsia básica diminuem infecções intestinais sem necessidade de antibióticos rotineiros, que encarecem o manejo e geram resistência bacteriana.
Ceticamente, vacinas contra rotavírus e E. coli prometem proteção, mas falham se o colostro for de baixa qualidade – comum em vacas desnutridas. O risco aqui é investir em imunizantes caros para depois ver surtos por falhas nutricionais. Estudos da EMBRAPA alertam que em regiões secas, a desidratação materna reduz a imunoglobulina no colostro, tornando a vacinação menos eficaz e forçando ajustes na dieta pré-parto.
Custos ocultos incluem o tempo para treinar vaqueiros em protocolos de isolamento: um bezerro doente isolado custa menos que um surto que para a ordenha. Prós da prevenção incluem rebanhos mais uniformes para venda, mas contras envolvem a necessidade de investimento inicial em equipamentos como aquecedores de colostro. A FAO enfatiza que em climas tropicais, o equilíbrio entre custo e redução de mortalidade justifica o esforço, embora exija monitoramento constante para evitar complacência.
Implementar isso nem sempre é simples em propriedades familiares, onde o orçamento é apertado. Um erro comum é priorizar o gado adulto em detrimento dos neonatos, o que perpetua o ciclo de perdas. Referência científica da UFRRJ mostra que programas integrados de sanidade, incluindo higiene e nutrição, melhoram a taxa de sobrevivência, mas demandam compromisso de longo prazo para resultados visíveis.
Dicas Práticas para Prevenir Diarreia Branca no Chão da Fazenda
- Seque o bezerro imediatamente após o parto com toalhas limpas e mova-o para um box individual com palha seca; isso corta o contato com fezes da mãe e reduz umidade no ambiente.
- Garanta que o bezerro mame pelo menos 10% do peso corporal em colostro nas primeiras seis horas; use sonda se necessário, pois vaqueiros experientes sabem que bezerros fracos não sugam sozinhos.
- Limpe currais diariamente com cal virgem espalhada no chão; em dias chuvosos, adicione mais para neutralizar amônia e patógenos, algo que produtores de leite fazem rotineiramente para manter o ar respirável.
- Monitore a qualidade da água nos cochos, trocando duas vezes ao dia; água parada atrai moscas que carregam bactérias, e um teste simples de cheiro já avisa o problema antes do surto.
- Registre partos em um caderno simples para rastrear padrões; se três bezerros em um lote adoecerem, isole o grupo e chame o vet – isso evita perdas em cadeia que só quem gerencia rebanhos grandes conhece.
Comparação entre Medidas Preventivas e Seus Custos na Criação
Escolher entre opções de prevenção depende do tamanho da fazenda e do orçamento disponível, mas focar em higiene básica geralmente rende mais que tratamentos reativos. A tabela abaixo compara abordagens comuns, destacando o que cada uma exige em termos de esforço e retorno no controle da diarreia branca.
| Medida | Custo Inicial e Manutenção | Benefício na Redução de Perdas |
|---|---|---|
| Higiene de Curral Diário | Baixo: palha e cal custam pouco, mas demandam 30 minutos por dia por vaqueiro. | Diminui infecções em ambientes úmidos, preservando mais bezerros para reposição do rebanho. |
| Administração de Colostro Garantida | Médio: sonda e aquecedor adicionam custo, mas evitam perdas nutricionais. | Fortalece imunidade inicial, reduzindo mortalidade neonatal e custos com vet. |
| Vacinação Materna | Alto: injeções anuais por vaca, mais monitoramento de datas. | Transfere anticorpos via leite, cortando surtos em lotes grandes, mas falha se nutrição for ruim. |

Erros Comuns a Evitar
Um agricultor que conheço no Mato Grosso deixou o curral da maternidade sem limpeza por três dias durante uma chuva forte, achando que a água lavaria tudo sozinha. Resultado: as fezes se espalharam, infectando um lote de dez bezerros com E. coli, e ele perdeu metade deles em uma semana, além de gastar com antibióticos que não resolveram o problema raiz. Para evitar isso, limpe duas vezes ao dia e use cal para secar o chão – simples, mas salva o caixa.
Outro caso foi com um cliente antigo em Minas Gerais que priorizou a engorda do gado de corte e esqueceu de checar o colostro das vacas parideiras. Os bezerros nasceram sem anticorpos adequados e caíram com diarreia branca logo no terceiro dia, forçando isolamento que atrasou a venda de um caminhão de animais. O prejuízo veio em forma de vacas subutilizadas e rebanho desbalanceado; a lição é pesar o bezerro pós-parto e garantir mamada forçada se ele não sugar.
Uma vez, um produtor de leite no Paraná ignorou sinais de estresse hídrico nas vacas prenhes, dando água de açude contaminada. Os bezerros saíram fracos e pegaram criptosporidiose, com diarreia que durou semanas e cortou a produção de leite em 30% no pavilhão. Ele aprendeu da pior forma: teste a água semanalmente e filtre se necessário, pois contaminação ambiental é o que mais pega de surpresa em fazendas secas.
Perguntas Frequentes
Como identificar diarreia branca em bezerros recém-nascidos e agir rápido?
Os sinais incluem fezes brancas e pastosas, letargia e barriga afundada nos primeiros dias de vida. Aja isolando o bezerro em um box seco, oferecendo eletrólitos orais para reidratação e chamando o veterinário para exame de fezes; de acordo com a EMBRAPA, intervenção nas primeiras 24 horas preserva mais animais e evita espalhamento no rebanho.
Onde encontrar colostro de qualidade para bezerros que não mamam da mãe?
Congele colostro de vacas saudáveis de partos anteriores em freezers da fazenda ou compre de bancos regionais indicados pela associação de criadores. A UFRRJ recomenda armazenar em porções de 2 litros a -20°C, descongelando só o necessário para uso imediato, garantindo anticorpos intactos sem risco de contaminação.
Como melhorar a imunidade de bezerros contra diarreia branca usando manejo simples?
Aplique probióticos na ração inicial e garanta cama seca no curral para reduzir bactérias ambientais. Estudos da FAO mostram que adicionar fermentados lácteos no leite de transição fortalece o intestino, diminuindo incidência em criações tropicais onde o calor favorece patógenos.
Por que a vacinação contra rotavírus não funciona sempre em bezerros com diarreia?
Ela depende da transferência via colostro, que falha se a vaca não receber a dose pré-parto ou se o bezerro não mamar logo. A USP-ESALQ alerta que nutrição pobre nas vacas reduz a eficácia, então combine com higiene para resultados reais, evitando falsas expectativas em rebanhos estressados.
Como limpar currais para prevenir surtos de diarreia branca em lotes de bezerros?
Remova fezes diariamente, espalhe cal virgem no chão e desinfete com hipoclorito de sódio diluído. Produtores experientes sabem que rotacionar boxes entre partos corta a carga de E. coli, conforme orientações da EMBRAPA para fazendas de leite no Brasil.
O que fazer se um bezerro com diarreia branca não responde a fluidos orais?
Passe para terapia intravenosa sob orientação veterinária e isole para evitar contágio. A FAO indica que casos graves envolvem choque, e monitoramento de peso diário ajuda a decidir quando intervir com antibióticos específicos, preservando o investimento no animal.
Tendências e Futuro
Pesquisas da EMBRAPA apontam para o uso crescente de probióticos e prebióticos em rações neonatais, com testes em rebanhos brasileiros mostrando redução na incidência de diarreia por patógenos intestinais. Essa tendência reflete a pressão por criações mais sustentáveis, cortando o uso de antibióticos em favor de aditivos naturais que melhoram a microbiota ruminal desde cedo.
No mercado global, a FAO observa que vacinas orais para bezerros estão ganhando espaço em países tropicais, com expectativas de adoção no Brasil para combater resistências bacterianas. Produtores que integram sensores de umidade em currais relatam menos surtos, alinhando-se a uma demanda por tecnologia acessível que otimize o manejo sem elevar custos drasticamente.
Perspectivas indicam que o foco em genética resistente a infecções intestinais crescerá, com programas de melhoramento da UFRRJ selecionando linhagens de bovinos que transferem mais imunidade via colostro. Isso pode estabilizar margens em fazendas afetadas por variações climáticas, mas depende de investimentos em reprodução assistida para resultados palpáveis nos próximos anos.
Conclusão Técnica
Para produtores que buscam estabilidade na reposição de bezerros, priorizar higiene e colostro é a estratégia mais lógica devido ao baixo custo e impacto direto na sobrevivência. Ajustes simples no manejo diário superam intervenções caras, mantendo o rebanho produtivo sem surpresas no fim da estação.
Nesses anos acompanhando safras no campo, vi que ignorar o básico leva a perdas acumuladas que doem no bolso. Foque no que funciona: limpeza rigorosa e nutrição inicial, e você reduz riscos sem complicações desnecessárias.
Uma nota de cautela: surtos ainda acontecem mesmo com bons hábitos, especialmente em anos chuvosos, então mantenha o vet por perto e registre tudo para aprender com cada ciclo. Isso constrói uma criação resiliente ao longo do tempo.